A Justiça Militar dos Estados Unidos absolveu o soldado Bradley Manning da acusação de traição ao país, a mais grave que lhe foi imputada. Ele confessou ter divulgado milhares de documentos diplomáticos e militares americanos para o site WikiLeaks.
O vazamento de documentos ao WikiLeaks foi considerado a maior divulgação de informações confidenciais da história dos Estados Unidos. Manning, que era analista de inteligência militar no Iraque, entregou cerca de 700 mil documentos do Departamento de Estado e das Forças Armadas americanas.
Dentre as informações reveladas, estão comunicações diplomáticas com as embaixadas de vários países do mundo, além de informações privilegiadas sobre a atuação americana nas guerras no Afeganistão e no Iraque. O material começou a ser revelado em 2010, causando forte indignação de Washington.
O veredicto foi divulgado nesta terça-feira pela juíza Denise Lind. Ele foi condenado por cinco acusações de roubo, cinco acusações de espionagem, fraude cibernética e outras violações do direito militar.
Com a absolvição da acusação de traição, a previsão é que Manning seja condenado a apenas 20 anos de prisão. As penas para cada uma das acusações serão determinadas no processo de dosimetria, que começa nesta quarta-feira (31).
Inicialmente, o soldado se declarou culpado de dez das 22 acusações apresentadas contra ele pela Justiça Militar de seu país. No entanto, não se disse responsável pela acusação de "conluio com o inimigo", por ter transferido as informações de guerra ao WikiLeaks.
A defesa do soldado sustenta que Manning é um delator do governo americano, não um traidor como quer qualificar a Promotoria. Segundo os defensores, a intenção do militar foi provocar um debate sobre as ações militares dos Estados Unidos e a política diplomática entre todos os cidadãos americanos.
Por outro lado, os promotores afirmam que o delator traiu a confiança do país e queria fazer fama ao divulgar os documentos. Para a acusação, ele agiu de forma deliberada, sem avaliar os riscos que poderia correr ao divulgar informações para inimigos, como o então líder da Al Qaeda, Osama bin Laden.
Mesmo assim ele pode enfrentar cerca de 136 anos de prisão. As 19 acusações é o suficiente para mante-lo na prisão até o resto de sua vida.
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